sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Contra “rock do diabo”, pastor viaja de Maceió para “catequizar metaleiros”


 No mar de camisetas pretas, tatuagens, coturnos, e demais acessórios do “estereótipo metaleiro”, ele destoava da multidão. “Toma a palavra de Deus para dar uma meditada”, dizia, enquanto entregava um panfleto com o logo do Rock in Rio 2013 e os dizeres: “Jesus Cristo, a melodia do meu coração”. O pastor José Roberto Martins Barbosa, a exemplo do que já tinha feito em 2011, foi de Maceió diretamente para o Rio de Janeiro com uma missão: contra o chamado “rock do diabo”, ele pratica uma espécie de catequese entre os fãs.

 “Viemos exclusivamente para isso, sou eu e mais dois missionários, alugamos um apartamento aqui perto, e estamos nessa missão”, explicou Barbosa, que chegou ontem à noite para trabalhar nos próximos quatro dias de encerramento do Rock in Rio. Não ironicamente, desse período, dois dias foram dedicados aos fãs de heavy metal – ontem (quinta-feira -19), as principais atrações foram as seguintes: Metallica, Alice in Chains e Sepultura.
 No domingo (22), será a vez, por exemplo, do Iron Maiden tocar no festival, cujas letras obscuras, na base do “The Number of The Beast” (o número da besta, 666), evocam a velha máxima do “rock do diabo”. “A receptividade é boa, o índice de rejeição é de apenas 20%”, garantiu o pastor, entregando os panfletos aos fãs que chegavam à Cidade do Rock.


 “Fizemos 30 mil panfletos”, disse. Bem produzido, e com papel de boa qualidade, o “guia de catequese para os metaleiros” inclui trechos da Bíblia chamando a atenção para o “homem pecador, e todos que pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Membro da evangélica Assembleia de Deus, Barbosa diz que o seu principal intuito é deixar claro para os fãs que “ele, Jesus Cristo, preenche o vazio dos homens”.

 “Na Bíblia, em Marcos, capítulo 26, há um trecho que diz que ‘ide seu Jesus e pregai o evangelho a qualquer criatura”. No caso, obviamente, os metaleiros. “Na minha igreja tem todos os instrumentos: bateria, guitarra, tem tudo. O problema está nas letras, que não podem ser direcionadas para algo negativo. A letra da música não pode falar do diabo, da escuridão, incitar as drogas ou a violência”, completou ainda o pastor.

 “É um direito dele, né, não estou aqui para ser catequizado, de qualquer forma, vim para ver o Metallica. Ponto”,
riu o estudante mineiro Joacir Santos, que pegou o panfleto, mas disse: “vou pensar se vou dar uma lida nisso aqui”. “Esse senhor é maluco, mas deu dó, e peguei um também”, disse a gaúcha Rafaela Martins, com sua camisa do Alice in Chains, anéis, tatuagens, o alvo perfeito para o pastor alagoano.



Fonte: Terra

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