sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Led Zeppelin Ganha Sotaque Oriental em Show de Robert Plant, no Rio

"Black mountain side", "The battle of evermore", "Four sticks", "Kashmir"… São vários os exemplos na obra do Led Zeppelin que mostram a influência da música oriental na sonoridade da banda. Mas Robert Plant, ex-vocalista do grupo britânico, levou essa proximidade até as últimas consequências durante o show realizado na noite desta quinta-feira (18), na HSBC Arena, no Rio.




 Acompanhado pela recém-formada banda The Sensational Space Shifters, Plant simplesmente subverteu o repertório de seu antigo conjunto, eliminando o peso das guitarras outrora regidas pelo ex-parceiro Jimmy Page em detrimento de instrumentos como o ritti e o kologo, espécie de violino e banjo africanos, e o bendir, um tipo de tamborim.

 Apesar de obter um resultado no mínimo intrigante, não seria exagero dizer que Plant decepcionou parte do público, que esperava por versões mais fiéis de canções do "Zeppelin de chumbo". Foi nítida a dispersão da plateia no setor mais caro, apelidado de "BudZone", em determinados momentos do show. Um quase "dar de ombros" para as mistura de blues e músicas celta, indiana e africana proposta por uma das vozes mais importantes da história do rock. Uma pena.

 O cantor tinge com novas cores, de maneira muito autêntica, um repertório muitíssimo conhecido, reposicionando sua voz (hoje bem menos potente) em função dos novos arranjos. Bom exemplo são "Black dog" e "Rock and roll", clássicos absolutos do Zeppelin reconstruídos a partir das frases de ritti, executadas pelo sorridente Juldeh Camara — absolutamente nenhum dos antológicos riffs criados por Page são sequer citados. Um pouco mais próximas das versões originais, mas ainda assim com um acento oriental, aparecem "Gallows pole", "Ramble on", "Friends" e "Bron-y-aur stomp", canções mais acústicas e, talvez, mais apropriadas à nova fase do cantor.


 A nostalgia não fica restrita apenas ao Zeppelin. Plant presta homenagens a dois velhos bluesmen cantando "44 blues" e "Spoonfull", inspiradas nas versões de Howlin' Wolf; e "I'm your witchdoctor", quando relembra o inglês John Mayall e o chama de "herói". Ainda haveria espaço para "Who do you love", de Bo Diddley, num medley que se mistura com um pequeno trecho de "Whole lotta love" (outro clássico do Zeppelin) e "Steal away" e "Bury my body", de Al Kooper. Da carreira solo, pinça "Tin Pan Valley", de seu álbum “Mighty rearranger", de 2005.

 Mesmo nos blues, os improvisos acontecem menos nas guitarras e mais no banjo e no bandolim pilotados por Justin Adams e Liam "Skin" Tyson, além dos bebops de Camara. Plant é generoso com sua atual banda, formada ainda pelo baixista Billy Fuller, o baterista Dave Smith e o tecladista John Baggott.

 Fato é que Robert Plant, mesmo com tantos anos de estrada, conseguiu reinventar-se nesta nova turnê. E sem precisar abrir mão do valioso repertório do Led Zeppelin. Talvez por isso venha se recusando ao que seria uma financeiramente tentadora turnê de reunião do ex-grupo, ao lado de Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bonham (filho de John Bonham, morto em 1980), proposta pelo guitarrista em 2007. Plant já não precisa mais do dirigível.


 O músico segue agora para Belo Horizonte, onde se apresenta no dia 20. Sua turnê brasileira faz escalas também em São Paulo (22 e 23), Brasília (25), Curitiba (27) e Porto Alegre (29).



Vi no G1!

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