Acompanhado pela recém-formada banda The Sensational Space Shifters, Plant simplesmente subverteu o repertório de seu antigo conjunto, eliminando o peso das guitarras outrora regidas pelo ex-parceiro Jimmy Page em detrimento de instrumentos como o ritti e o kologo, espécie de violino e banjo africanos, e o bendir, um tipo de tamborim.
Apesar de obter um resultado no mínimo intrigante, não seria exagero dizer que Plant decepcionou parte do público, que esperava por versões mais fiéis de canções do "Zeppelin de chumbo". Foi nítida a dispersão da plateia no setor mais caro, apelidado de "BudZone", em determinados momentos do show. Um quase "dar de ombros" para as mistura de blues e músicas celta, indiana e africana proposta por uma das vozes mais importantes da história do rock. Uma pena.
O cantor tinge com novas cores, de maneira muito autêntica, um repertório muitíssimo conhecido, reposicionando sua voz (hoje bem menos potente) em função dos novos arranjos. Bom exemplo são "Black dog" e "Rock and roll", clássicos absolutos do Zeppelin reconstruídos a partir das frases de ritti, executadas pelo sorridente Juldeh Camara — absolutamente nenhum dos antológicos riffs criados por Page são sequer citados. Um pouco mais próximas das versões originais, mas ainda assim com um acento oriental, aparecem "Gallows pole", "Ramble on", "Friends" e "Bron-y-aur stomp", canções mais acústicas e, talvez, mais apropriadas à nova fase do cantor.
Mesmo nos blues, os improvisos acontecem menos nas guitarras e mais no banjo e no bandolim pilotados por Justin Adams e Liam "Skin" Tyson, além dos bebops de Camara. Plant é generoso com sua atual banda, formada ainda pelo baixista Billy Fuller, o baterista Dave Smith e o tecladista John Baggott.
Fato é que Robert Plant, mesmo com tantos anos de estrada, conseguiu reinventar-se nesta nova turnê. E sem precisar abrir mão do valioso repertório do Led Zeppelin. Talvez por isso venha se recusando ao que seria uma financeiramente tentadora turnê de reunião do ex-grupo, ao lado de Jimmy Page, John Paul Jones e Jason Bonham (filho de John Bonham, morto em 1980), proposta pelo guitarrista em 2007. Plant já não precisa mais do dirigível.
Vi no G1!
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